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Há quem não goste do facto de perdermos grande parte dos nossos resultados ao pararmos de treinar, para mim é uma das maiores motivações possíveis para nunca deixar de incluir o treino na minha própria rotina.
Existem coisas muito interessantes e que normalmente não são passadas às pessoas que treinam e, por isso, espero que fiquem contentes com estes factos* :
1) A dose mínima de treino (volume e intensidade) para a manutenção da força e massa magra não são assim tão elevadas, muito pelo contrário - o que significa que mantermos a massa magra e força construidas é um processo relativamente simples e logisticamente fácil de encaixar na rotina;
2) É muito mais fácil voltar a atingir um patamar onde já chegaste previamente do que evoluir além desse mesmo nível;
3) Para o nível da maioria das pessoas, a dose mínima efetiva para hipertrofia e força são bastante mais reduzidos do que aquilo que lhes pintam - isto porque o nível da maioria das pessoas é mesmo baixo (mais de 70% das pessoas nem pratica nenhum tipo de atividade física).
Acho que nunca vi nenhuma reflexão sobre isto, mas será apenas fisiológica a maior facilidade em atingirmos um nível onde já estivemos - explicada pela memória muscular - ou será que existe uma grande componente psicológica associada a isso? Quanto mais nos aproximamos do nosso limite genético para determinada valência, mais exigente será a transição para um nível acima, cada vez será necessário mais trabalho e exigência para alcançar a excelência - que, psicologicamente falando, também se torna muito mais custoso.
E eu não quero, de todo, reduzir as tuas espectativas com estas questões, muito pelo contrário!
O que eu quero passar-te com isto é o seguinte: a probabilidade de conseguires obter os resultados que sempre quiseste a só treinar 3 vezes durante meia hora por semana é gigante, desde que seja um treino orientado, com qualidade e, acima de tudo, mantido no tempo. E, fazendo as contas, uma semana tem 7 dias, 168 horas: 1h30 equivale a menos de 1% do teu tempo. É bem provável que passes mais tempo na sanita do que isso.
Se tens pouco tempo disponível, aquilo que me parece fazer mais sentido é procurar obter o máximo de resultado com o menor esforço possível, enquanto conseguires obter resultados que te satisfaçam a treinar 3x30' por semana, porque estarias tu a dificultar ainda mais este processo de encaixar mais um bloco na tua rotina?
Agora, aquele tempo que definiste para o treino já não é suficiente para continuares a evoluir? Então temos de pensar aqui em algumas questões: o nível em que estás neste momento, agrada-te? Tens coisas que possas abdicar para conseguires encaixar mais tempo de treino na tua rotina? Será que o treino/sono/alimentação/stress/fadiga(..) já estão efetivamente otimizados para conseguires retirar tudo aquilo que poderias daquela meia hora? Será que melhorar o teu físico é uma prioridade de facto para ti?
Há uma coisa que parece simples mas que nem sempre é fácil de entender na prática: ninguém arranja mais tempo, temos sempre de abdicar de alguma coisa para encaixarmos outra, o que implica que tenhas de escolher algo a reduzir ou retirar da tua rotina para encaixares o treino. O que poderia ser dispensável neste momento? E, posto isto, parece fazer sentido presumirmos se algo é ou não uma prioridade para nós através da quantidade de recursos que dispensamos com isso, neste caso falamos de um recurso incrivelmente finito: o tempo. Se não abdicas de menos de 1% do teu tempo para melhorares o teu físico, a tua performance (física e mental), a tua saúde, o teu bem estar (...), sinceramente não consigo encontrar uma justificação válida para isso. Posso acreditar que não conheces a magnitude do impacto que o treino pode ter na tua vida, ou podes ter tido más experiências com o treino em qualquer outra ocasião, mas dá-lhe uma chance.
Não tem de ser comigo, não tens de gastar dinheiro, não tens de fazer a melhor coisa do mundo, apenas faz alguma coisa. Movimenta-te, puxa, empurra, sua, sente-te vivo.
Um dia vou dar o último salto da minha vida, vou fazer por empurrar esse dia cada vez mais para a frente, até ao meu último suspiro.
*(pelo menos à data de hoje parece haver consenso na literatura - o que não quer dizer que esteja correto, pode significar que não estamos a investigar da melhor maneira possível)