Londres e a produtividade

Tiago Gomes
Dec 19, 2024Por Tiago Gomes

Este mês fui pela segunda vez na minha vida a Londres, sendo que a primeira vez que lá estive foi em outubro de 2022.

Parece que passou pouco tempo entre as visitas a este lugar, mas a verdade é que a minha interpretação mudou bastante de uma vez para a outra. 

Posso tentar desenvolver algumas das diferenças culturais entre países,  em Londres encontram-se cada vez menos londrinos e na cidade onde a minha irmã vive (Aylesbury) acabei por não ter assim tanta interação com locais... e isso, por si só, talvez já demonstre uma grande diferença entre os portugueses e os ingleses.

Há que ser sincero, em todas as interações quase forçadas que tive com os locais (especialmente nos pubs que visitei), as pessoas foram super cordiais. Nunca senti nenhum tipo de insegurança em Inglaterra, mas a verdade é que não andei depois das 22h na rua, por isso posso não ter tido a verdadeira impressão de como as coisas são. Sinto-me mais inseguro a chegar ao trabalho às 6h50 na Foz do Douro do em qualquer momento que vivi em Londres.

No dia em que cheguei lá tive um jantar de aniversário, onde conheci diversas pessoas, todas elas portuguesas. Entre elas um jovem enfermeiro que desenvolveu uma app relacionada com hyrox (que, do meu entender, é uma espécie de Crossfit só que com uma prova standardizada e com maior volume de exercícios aeróbicos). Vou deixar aqui o link do instagram deles para conheceres mais, gosto de partilhar aquilo que é feito por outros jovens empreendedores que ajudam neste processo de tirarmos as pessoas do sofá para praticarem algum tipo de atividade física.
Instagram

Eu vejo o Hyrox como uma modalidade desportiva, assim como qualquer outra. Desde que a prática seja bem guiada, o planeamento seja estruturado e individualizado, então a modalidade é bem vinda para a grande maioria das pessoas, especialmente para aquelas que já estão minimamente condicionadas. Enfim, como qualquer outra coisa, a alta competição não é a opção mais saudável e devemos pesar sempre aquilo que mais queremos para nós: alta performance ou longevidade com a melhor qualidade de vida possível. Se correr x kms por prova para uma pessoa inativa e obesa é a melhor opção? Claro que não, mas a prova é apenas o fim, não o meio. Se o planeamento for adaptado e pensado a longo prazo, então qualquer pessoa pode praticar este desporto, não podemos é ter pressa e pensar logo em competir. 

Agora, acredito que seja uma modalidade que ainda demore um bocadinho para entrar em força em terras lusas, mas tem tudo para puxar algum público do crossfit. Se eu fosse dono de uma academia de crossfit começava já a pensar em enquadrar essa modalidade no meu espaço, mas cada um sabe de si...

Voltando ao assunto que me levou a escrever isto: 

Desta vez tive a possibilidade de ver Londres totalmente enfeitado de natal, cheio de luzes e montras bonitas, viva o consumismo. É uma sociedade totalmente preparada para receber pessoas que querem gastar dinheiro, o que eu acredito ser uma coisa positiva: a maioria das pessoas ficam com comichão se tiverem algum dinheiro guardado na carteira muito tempo e, por isso, querem gastá-lo. Lá não faltam opções e oportunidades para isso.

Além das luzes de natal, ainda há outras coisas que enchem o meu coração naquela terra: a água das torneiras é sempre quentinha, a cultura do Pub pós trabalho é fascinante e continuei sem ver uma única moeda em circulação, tudo totalmente digitalizado, inclusivamente os transportes públicos e os artistas de rua!

Agora, vamos à principal diferença que se percebe de um país para o outro: a noção de quererem fazer o máximo de coisas possíveis no mínimo de tempo. Dou o exemplo de uma rua em obras em que passei, onde estavam 6 funcionários a organizar uns painéis, sabe-se lá para quê. O que me deixou realmente surpreendido foi o facto de estarem a cumprir as suas tarefas literalmente a correr! Tudo a ser feito de forma metódica e organizada, sem pausas pelo meio.

Aqui em Portugal seria empurrado um painél de cada vez, sendo que 4 empurrariam e dois ficariam a ver, e depois de empurrar o primeiro painel seria feita uma pausa para fumarem o seu merecido cigarro. E isso fez-me pensar que talvez seja esse o motivo para terem um PIB per capita bem superior ao nosso: cada pessoa é mais "espremida", o que contribui  para uma sociedade com melhores serviços e produtos. No final das contas, não é isso que as pessoas querem? Terem a possibilidade de escolher entre as opções qual a melhor para si, dentro dos orçamentos possíveis para a sua realidade, e essa produção de valor faz com que haja maior capital para ser redistribuido. Parece-me impossível distribuir o que não se tem.

O salário médio português é bem menor do que o de lá, isso é um facto. A capacidade de produção dos portugueses também é muito menor, e isso contribui para a explicação dessas diferenças. Nós temos uma educação de excelente qualidade, especialmente quando comparada à maioria dos outros países, só que não conseguimos manter aqui o nosso talento. Parece que as pessoas talentosas preferem rodear-se de outras pessoas que procuram ser produtivas. Isto parece fácil de entender: se eu quero abrir uma empresa de construção civil, é preferível contratar funcionários que correm ou aqueles que ficam a ver os outros enquanto fumam um cigarro? Se eu os encontro lá mais facilmente, porque abriria a empresa aqui? O problema nunca está em pagar muito a alguém, o problema está sempre em pagar um preço superior ao valor produzido por ela. Por isso é que, às vezes, pagar o salário mínimo a um trabalhador é considerado um desperdício e pagar a outro 100.000€ por ano é considerado barato. Parece-me ser algo cíclico, talvez cultural. O futuro trará novos capítulos. 

Fico com a impressão de que não somos em nada inferiores a qualquer outra sociedade, por isso é que também somos tão requisitados por eles e acabamos por espalhar os nossos jovens pelo mundo todo. Parece é que falta uma linha condutora, pontes de ligação entre essas pessoas que querem fazer mais e melhor.


Num tom mais alegre: os estúdios da Warner são espetaculares, é viver no mundo do Harry Potter por um bocadinho, onde vemos tantas personagens que marcaram várias gerações. É triste pensar que esses personagens vão desaparecendo com o passar dos anos, aquele espaço acaba por ser uma homenagem que ficará para as novas gerações conhecerem e apaixonarem-se pelo mundo de Harry Potter. Comprem é os bilhetes com muita antecedência, especialmente se querem ver tudo nesta época natalícia.

Escrever isto relembrou-me de que ainda não fiz nenhuma maratona dos filmes todos este ano, que tem sido uma tradição. Outra curiosidade é que eu coloco muitas vezes os filmes desta saga de fundo quando não consigo adormecer, esta previsibilidade dos filmes ajuda-me a adormecer mais rapidamente: também tens algum truque desse género?

Este blog de hoje foi escrito mais à pressa, andam mil coisas a acontecer. Updates quase diários na app, erros e resoluções a serem pensadas para entregar o melhor produto possível. Quero resolver este assunto o mais depressa possível para poder dedicar-me inteiramente a vendas, tanto no meu serviço B2B como no B2C, que têm características bastante diferentes. 

Este foi o ano zero da minha empresa, de investimento e de lançamento. Até ao fim do ano todo o MVP da app ficará pronto, já começo a criar a listagem da versão 2.0, existe muita coisa que quero fazer para expandir esta minha idea, mas a ver vamos. Para aqueles que têm comprado a minha app, muito obrigado! Estão a investir no futuro e não no produto totalmente acabado... Eu respeito o vosso tempo, dinheiro e esforço, e por isso tudo o que é feito é a pensar em como fazer cada cêntimo investido na minha empresa valer cada vez mais. 

Chegar de viagem fez-me ter vontade de querer fazer mais e melhor, fez-me ainda pensar que o empreendedorismo é, de facto, algo que não sai da nossa cabeça. Há sempre algo a acontecer, coisas em que pensar e processos para otimizar. É bom saber que não estamos sozinhos nesta caminhada!