Todo um outro nível
Este Spotify Wrapped trouxe uma excelente notícia:
Yeay! Top 15% de Podcasts com vídeo no Spotify, isto é uma excelente notícia, especialmente contando com as semanas de paragem entre o final da primeira temporada e o início da segunda. Foram 16 episódios, em que apenas 10 tiveram vídeo, e isto fez-me pensar bastante.
Eu não me considero um talento nato como "host" de um podcast. Pelo contrário, eu sou simplesmente... eu. E a maioria dos convidados que eu trago estão pela primeira vez presentes neste tipo de formato, o que faz com que, muitas vezes, ainda não se sintam confortáveis em frente às câmeras. Esta falta de experiência acaba por fazer com que se "protejam" e arrisquem menos, evitando fugir dos assuntos que estão inteiramente confortáveis em abordar. Assim, surge um formato mais de "entrevista" do que conversa, o que desvirtua um bocadinho as coisas.
Eu sei deste facto, e acho que o meu papel como host acaba, também, por passar esta mensagem e deixar os convidados à vontade o suficiente para poderem intervir, sem medo do que quem vai ouvir vai achar. Acredito que, aos bocadinhos, tenho vindo a desempenhar melhor esta tarefa.
O meu objetivo com este podcast foi mudando ao longo dos tempos, mas as views e os likes nunca foram os principais motores deste formato. Para mim, o podcast serve para aproximar-me das pessoas que gostam do meu trabalho, onde ouvem uma versão de mim não tão censurada, e onde acabo por expressar a minha identidade, enquanto dou a conhecer outras pessoas e temas que eu aprecio e acho relevantes para a sociedade. Aqui, separo um bocadinho "o joio do trigo". Por isso, a todos que fizeram parte deste projeto comigo em 2024, um grande obrigado 🫶🏼 e aos anteriores também, claro!
Esta foi a parte fofa da conversa, agora vem a parte onde assumo a minha mediocridade.
Como disse anteriormente, este podcast é só um projeto de um jovem amador na produção de conteúdo, com um telemóvel e uns microfones, juntando-se a outros amadores na produção de conteúdo (na maior parte das vezes) para uma conversa. Somos amadores na produção e comunicação digital? Sim, mas acrescentamos um grande valor pelo teor das conversas que por aqui aparecem, esta é a verdade.
Um jovem com um pc, micros, um telemovel, Canva, Davinci Resolve e algumas horas de investimento para fazer isto acontecer. Com episódios 1x por mês (ou 2x até ao final da primeira temporada, sendo que um deles era apenas eu, sozinho com o microfone).
A questão que eu me coloco é: como é que isto chega para estar no Top 15%?
Isto fez-me colocar os meus objetivos em perspetiva e, acima de tudo, pensar nos padrões das coisas que são realizadas por este mundo fora.
Aqui, o meu objetivo para 2025 fica bastante claro: quero produzir 2 episódios por mês com convidados e atingir o top 5% de podcasts com vídeo. Este é o objetivo principal.
De acordo com o Chat GPT, 44% dos podcasts têm 3 episódios ou menos, e só 17% deles têm mais de 10 episódios. Isto reduz a magnitude do meu achievement? Sim... e não. Por um lado basta ter mais de 3 episódios publicados para ter mais episódios do que a maioria dos podcasts, mas por outro devemos entender quais os motivos para essa baixa frequência/resiliência dos criadores:
- É difícil: pensar em temas, formatos, edição, publicação, agendamentos... tudo isto requer logística e skills para que seja possível, e as pessoas não estão para investir tempo na aquisição dessas skills
- Há uma grande distância entre o input e o output, se é que alguma vez teremos um output visivel: não é no primeiro episódio que vais ter novas pessoas a ouvir, nem no décimo: precisas de paciência nesta jornada
- Desconforto: é difícil falar em público, não somos expostos a isto muitas vezes na nossa vida e, por isso, estar disposto a passar pelo desconforto não é para qualquer pessoa - não se enganem, há desconfortos que nunca fui capaz de superar também, não existem super heróis! Uma coisa que para mim ainda é super desconfortável é escrever ou gravar vídeos com outras pessoas a olhar para mim. Isso torna a tarefa de gravar com outras pessoas perto numa experiência terrível para mim - mas necessária.
Agora vem a parte mais importante desta minha linha de pensamento: o esforço necessário para chegar ao top 15% não é o mesmo esforço para chegar ao top 5%. À medida que vamos fazendo algo e vamos ficando mais competentes, o nível da concorrência sobe exponencialmente, o que não nos permite crescer ao mesmo ritmo que anteriormente, se mantivermos a quantidade de esforço e investimento. Traçando um paralelismo, quanto mais alto subimos na montanha, mais íngreme ela se torna e o ar fica tão rarefeito que o mesmo input gera um output cada vez menor (pelo menos em termos relativos). Na prática, o esforço que antes permitia percorrer 5km, agora permite correr 500m. São dimensões totalmente diferentes.
Isto, para os objetivos em mente com o podcast, significa que para passar do top 15% para o top 5% do podcast não chega gravar o mesmo número de episódios: terei de gravar mais episódios e investir cada vez mais na qualidade de cada um, o investimento terá de crescer.
Infelizmente, não tenho muito tempo para continuar a desenvolver esta ideia, mas vou deixar aqui o tema em aberto para um próximo capítulo: já pensaram que é assim em tudo? No treino, no mundo empresarial, nas relações... Bem, vou ficar por aqui e aproveitar para celebrar um bocadinho esta pequena grande conquista!
Obrigado, mais uma vez 🫶🏼